Ao sul de Tóquio, a Yamaha mantém um museu com todas as motos que fizeram a sua história. Visita imperdível, mas bem difícil de realizar hoje em dia… Então, veja por aqui uma amostra do que encontrar por lá!
Se um apaixonado por motocicletas antigas já se emociona simplesmente ao ver passar pela rua um modelo que tem um mínimo de história, o que será que acontece se alguém o levar ao Museu da Yamaha, no Japão? Vamos conferir.
O local onde a Yamaha mostra seus modelos mais importantes, em seus 66 anos de existência, não é propriamente um museu, daqueles cujo prédio acompanha o acervo em idade e tradição. As motocicletas da marca estão expostas no edifício sede da empresa, onde fica, entre outros departamentos, o escritório central.
Dentro do enorme prédio, chamado de Communication Plaza, e que fica em Iwata, na região de Hamamatsu, ao sul de Tóquio, três andares são dedicados exclusivamente ao acervo histórico da marca, sendo que as motocicletas são os principais itens expostos. O acervo é imenso, por isso, logicamente, não temos espaço para mostrar nem uma parte das motocicletas mais espetaculares que lá estão, mas, por razão de preferência deste que vos escreve, o foco será nas mais antigas, em especial dos anos 60 e 70.
Começando o tour pelo museu, é claro que a primeira parada deveria ser na primeira motocicleta Yamaha, a YA-1, de 1955. Essa motocicleta, que tem motor monocilíndrico dois tempos de 125 cm³, com potência de 5,6 cv, tinha também o nome de Red Dragonfly, ou, em japonês, Akatombo, que significa libélula vermelha. A Yamaha YA-1 era, na verdade, uma cópia da alemã DKW RT 125, de 1939, só que melhorada em relação à original. Já com essa primeira motocicleta, a Yamaha conquistou vitórias em competições e ajudou a consolidar o bom nome que a marca teria em um futuro bem próximo.
A curiosidade está na sucessora da YA-1, a Yamaha YA-2, de 1957. Utilizando a mesma mecânica, com apenas 1 cv a mais na potência do motor, a motocicleta era completamente diferente, com estrutura de aço estampado e rodas bem menores, de 16 polegadas (as da YA-1 eram de 19 polegadas), o que lhe conferia melhor maneabilidade.
Enquanto a suspensão traseira melhorava significativamente na YA-2, adotando balança oscilante com dois enormes amortecedores telescópicos, a dianteira, ao contrário, regredia, com garfo rígido e pequenos braços na extremidade, com molas de torção.
Apesar de parecer estranha, principalmente para os dias atuais, a Yamaha YA-2 ganhou vários prêmios de estilo, em sua época, incluindo o Good Design Award, concedido pelo Ministério Japonês da Economia, Comércio e Indústria. Sua sucessora, a YA-3 de 1959, já vinha com sistema elétrico de 12 volts e partida elétrica.
PRIMEIRO PROJETO INTEGRAL
A primeira motocicleta totalmente projetada pela Yamaha veio em 1957. Trata- se da YD-1, com motor bicilíndrico de 247 cm³ de 14 cv e uma aparência muito mais robusta do que os modelos anteriores, monocilíndricos. Foi a sua evolução, no entanto, a Yamaha YDS-1 de 1959, a motocicleta que se tornaria a base para todas as bicilíndricas dois tempos de grande sucesso que viriam a seguir, incluindo a famosa viúva negra, a Yamaha RD 350 de 1972.
BERÇO DUPLO
A Yamaha YDS-1 tinha motor de 249 cm³ de 18 cv e um revolucionário quadro tubular de berço duplo, o que a fez brilhar em competições, especialmente em sua versão oficial YDS-1R, com 2 cv a mais e que posteriormente ganhou câmbio de cinco marchas e conta-giros. Essa versão Racing foi considerada a primeira motocicleta japonesa esportiva e foi a base para as futuras Yamaha TD e TZ.
A Yamaha YDS-2 chegou em 1962 e trouxe como inovação, além dos 3 cv a mais na potência (23 cv, um valor expressivo para a época), o freio dianteiro a tambor, porém protegido de água e poeira, com duplo acionamento. Sua versão de pista, a Yamaha TD-1, que chegava aos 32 cv de potência, iniciou outra saga, a das motocicletas dois tempos de competição, que culminou nas TZ 250/350. Nas ruas, a Yamaha YDS-2 pulava à frente da também nova Honda CB 305 Superhawk em saídas de semáforos, e deu uma nova perspectiva aos motores dois tempos.
Bem, vamos saltar as versões subsequentes, YDS-3, YDS-4 e suas atualizações representadas por letras, para ir diretamente à motocicleta que fez este que vos escreve se apaixonar pelas japonesas dois tempos: a Yamaha YDS-5E, cujo reluzente e zero km espécime repousava na garagem de casa ainda nos anos 60.
A Yamaha YDS-5, às vezes mencionada apenas como DS-5, surgiu em 1967 e ainda mantinha o visual mais tradicional daquele fim de década, com as laterais do tanque cromadas e com apliques de borracha para os joelhos do piloto. Outra sua característica de fim de época era o velocímetro incrustado na carcaça do farol, mesmo que, em um sinal de modernidade, esse enorme relógio redondo da DS-5 já incluía o conta-giros.
A nova Yamaha vinha com tudo o que a marca tinha desenvolvido em modelos anteriores, como partida elétrica, lubrificação automática Autolube, amortecedores traseiros reguláveis em três posições e freio dianteiro a prova de água e poeira, com acionamento duplo. O motor era um suave dois tempos bicilíndrico de 247 cm³ que rodava macio até que exigido no acelerador: eram 30 cv de potência.
Entre as motocicletas que realmente fizeram a história da Yamaha, alguns modelos expostos no museu figuram apenas como curiosidade, em especial alguns mopeds e scooteres de comercialização local. É o caso do MF-1 e do SC-1, ambos de 1960, respectivamente o primeiro moped (ciclomotor) e o primeiro scooter da marca.
O Yamaha MF-1, além de muito atraente para a faixa de público que pretendia atingir, era extremamente versátil e prático, inclusive contando com partida elétrica. Já o Yamaha SC-1 era muitíssimo avançado para a época, como o dínamo que fazia as vezes de motor de partida, a transmissão por eixo-cardã e as suspensões monoamortecidas.
O tour pelo museu passa agora pela galeria das motocicletas com motores quatro tempos. A primeira feita pela Yamaha foi a XS-1, de 1970, com motor de 650 cm³ e 53 cv de potência. Essa motocicleta ficou estigmatizada pelo excesso de vibração do motor e por ser bem mais pesada do que suas concorrentes diretas, em especial a Triumph Bonneville. Sua sucessora, no entanto, a Yamaha TX 650, de 1974, de tão melhor que ficou em relação à versão anterior, acabou se tornando estrondoso sucesso mundial, inclusive no Brasil.
Muitas, mas muitas motos, nesse museu. Então vamos encerrar com outro grande sucesso da marca dos três diapasões: a Yamaha DT-1. Antes do seu surgimento, em 1968, não existiam motocicletas acessíveis com pura aptidão a vencer obstáculos e terrenos ruins; no máximo algumas versões “scrambler” adaptadas das motos de série.
A Yamaha DT-1, que foi importada para o Brasil a partir de 1971 e aqui ficou conhecida como Yamaha DT 250, tinha como diferenciais principais uma suspensão dianteira de maior curso possível, proteção para a parte inferior do motor e largos pneus de gomos. Seu motor monocilíndrico dois tempos de 246 cm³ tinha potência de 18,5 cv.
Pena que o Museu Yamaha seja tão longe. Visitá-lo é uma fantástica viagem no tempo e na tecnologia.
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