Moderna, tecnológica e bem equipada, a Dominar 400 tem bons recursos e ótimo preço para conquistar o consumidor de motos médias
Por: Eduardo Viotti
Quando pilotamos a Dominar 400 na pista de testes da Bajaj, na Índia, havia um excesso de informação, muito ruído para que a concentração na pilotagem fosse total. Afinal havia muitos modelos, e apenas uma curta voltinha para cada um. Depois, voltamos a provar a moto no circuito de Tuiuty (SP), alugado pela marca para uma apresentação aos jornalistas. No verão chuvoso, poucas voltas, mas a firmeza nas curvas mais inclinadas, as boas saídas de curva e a virtuosa transição das médias para as altas rotações já começavam a impressionar.
Finalmente chegou a nossa vez de pilotar a Dominar 400 por uma semana. Há quem diga que não há nenhum teste melhor do que a convivência diária com a moto, nos caminhos habituais, nas curvas e buracos que percorremos a toda hora com outros modelos.
A Dominar 400 é uma excelente surpresa em muitos aspectos. A começar pelo preço, fundamental em tempos bicudos como o que vivemos. Ela custa (segundo a Fipe/USP de fevereiro de 2023) R$ 24.207,00, contra R$ 24.197,00 da Yamaha FZ25 e R$ 21.039,00 da Honda CB 300F Twister (pela minha experiência, posso arriscar que o preço da CB vai subir em breve). Yamaha MT-03 e Kawasaki Z400, ambas bicilíndricas, portanto de outra categoria, estão na faixa de R$ 34/35 mil. A também indianaKTM Duke 390, igualmente monocilíndrica, posiciona-se como marca de luxo e sai por R$ 38 mil (todos os preços pela mesma pesquisa e mês). A KTM Duke 390 é montada na mesma unidade de produção da Bajaj Dominar 400 em Chakan, na província de Maharashtra, Índia. As motos embarcam de lá desmontadas em caixotes e são finalizadas em Manaus, pela fábrica da Dafra, que também monta outras marcas, como as também indianas Royal Enfield e TVS, a taiwanesa SYM e até a italiana Ducati…
VANGUARDA TÉCNICA
A Bajaj mostra uma capacidade tecnológica muito surpreendente, especialmente no projeto mecânico e ciclístico. Mais do que materiais nobres e fornecedores de grife, as motos da marca têm boas idéias: o sistema DTS-I de tripla ignição em um cabeçote de 4 válvulas acionadas por dois eixos-comando é bem interessante, otimizando a queima da mistura e assim atendendo a lei antipoluição e ainda economizando combustível.
O chassi de viga dupla perimetral superior em aço estampado e soldado também é uma solução criativa, embora não tão original quanto as três velas. Além de impactante visualmente, esse quadro mostrou na pista rigidez adequada a uma pilotagem mais agressiva. O sub-chassi traseiro em treliça de tubos de aço é parafusado e a balança traseira é igualmente estampada e oca, como as vigas principais do chassi.
A suspensão invertida na dianteira é uma identidade da marca, que a adota também nas versões de 200 e até de 160 cc direcionadas ao mercado brasileiro. Como você sabe, o garfo upside-down diminui massa não suspensa e otimiza a ação do amortecedor. Não há regulagem nos amortecedores dianteiros, mas sim na traseira, em que a pré-carga da mola pode ser ajustada. O amortecedor traseiro tem reservatório de gás Nitrox à parte. A pressurização promovida pelo gás reduz a ocorrência de cavitação (formação de bolhas), fadiga e perda de eficiência do sistema.
O fato é que a estabilidade do modelo é bastante satisfatória, permitindo até algumas ousadias no circuito fechado. Parte dela deve ser creditada aos ótimos pneus radiais Pirelli Sport Demon II sem câmara que, infelizmente, devem ser substituídos nos próximos lotes pelos indianos MRF
As rodas de liga são muito bonitas, com cinco raios em onda, diamantados. A moto vem equipada com um protetor em arco lateral (mata-cachorro) elevado, discreto. É útil em caso de pequenas quedas, protegendo o radiador, minimizando prejuízos. Sob o motor, um spoiler, em parte de alumínio perfurado, dá uma pegada aventureira ao modelo. Na traseira, bagageiro com alças de alumínio e encosto para o garupa, que também ajuda na hora de amarrar bagagens.
A Dominar 400 tem dois discos de freio bem dimensionados com ABS Bosch de 2 canais. Freia com segurança em curtos espaços. As pinças são da Bybre, a subsidiária indiana da italiana Brembo. A iluminação é full LED.
O painel é dividido em dois LCDs de fundo azul escuro (um deles sobre o tanque) com dígitos claros. Boa leitura e ótimo nível de informação: relógio, indicador de marcha em uso, computador com indicação de consumo etc.
Como produto, tem tudo para agradar. A marca precisa cuidar de rede e de pós-venda para tornar-se um sucesso!
Dominar 400
R$ 24.200,00
DIMENSÕES
Comprimento (cm): 215,6
Alt./larg. (cm): 124,3/86,3
Entre-eixos (cm): 145,3
Peso (em marcha, kg): 192
Alt. do assento (cm): nd
Tanque (l): 13
MOTOR
1 cilindro/373,3 cc/DOHC/ 4 válvulas/refrigeração líquida, 3 velas de ignição
Alimentação: injeção eletrônica
Ignição: eletrônica digital
Partida: elétrica
Diâm/curso (mm): 89/60
Taxa de compressão: 12:1
Potência (cv/rpm): 40/8.800
Torque (kgf.m/rpm): 3,59/6.500
CÂMBIO
6 marchas, transmissão final por corrente
CHASSI
Quadro: viga dupla perimetral superior, em aço
SUSPENSÃO
Dianteira: garfo hidráulico invertido com 43 mm de Ø e curso de 135 mm
Traseira: balança bilateral com monomortecedor a gás (reservatório à parte), ajustes na pré-carga da mola e curso de 110 mm na roda
FREIOS
Dianteiro: disco de 320 mm com pinça de 2 pistões e ABS
Traseiro: disco ventilado de 230 mm com pinça de pistão simples e ABS
PNEUS
Dianteiro: 110/70 - 17
Traseiro: 150/60 - 17
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