Instigante e belíssima, a Multistrada V2S é para quem curte tanto a estrada quanto o destino em uma viagem...
Por: Eduardo Viotti
A Ducati posicionou-se definitivamente como marca de luxo, e situa esta espetacular Multistrada V2S como sua moto de entrada no universo crossover da marca no Brasil, complementado pela versão V4. Na Europa há a versão básica V2, mais barata. O preço, aliás, é o obstáculo a esta máquina deliciosa. Segundo a Fipe (02/23), custa R$ 96.990,00. Uma Triumph Tiger 900 GT sai por R$ 69.995,00 e uma BMW F 850 GS Adventure premium custa R$ 82.725,00. Até mesmo a líder entre as aventureiras, a BMW R 1250 GS Sport, é mais barata: R$ 94.758,00. Bem, está certo que a Ducati Multistrada V2S vem de série com os alforjes rígidos. São um baita diferencial, e custam uma fortuna nas revendas de todas as marcas. Também a suspensão eletrônica adaptativa tem seu valor…
Aliás, são ótimos, fáceis de tirar carregar. O direito é menor, 26 litros, por causa do escape. Não leve sorvete ali. O esquerdo tem 30 litros. Na cor da moto, têm o primoroso acabamento da marca. Só atrapalham para montar e desmontar e é preciso acostumar-se para não raspar a pintura com a bota. Sob o assento há mais espaço, e ali também há uma tomada 12V e uma USB (há outra no painel).
A V2S é uma evolução da Multistrada 950 lançada em 2017. Ficou 5 kg mais leve e também mais espaçosa, com a adoção de pedaleiras mais afastadas que diminuem a flexão das pernas do piloto, ótimo para longas jornadas. Parte dessa redução de peso deve-se a melhorias no motor (especialmente embreagem e tampa) e nas rodas de liga.
O banco também está mais estreito e baixo, a 83 cm do solo. Aliás, a moto está toda mais amigável ao usuário, user friendly, como preferem os anglófilos. A Ducati oferece um assento mais baixo e também um kit para rebaixar a suspensão, diminuindo seu curso, e abaixar ainda mais a moto.
O V2 desmodrômico continua agressivo, mas entrega torque desde as médias rotações, e, claro, empolga nas altas. Afinal é uma Ducati e mantém a têmpera da marca italiana. Para domesticar os 113 cv e cerca de 10 kgf.m desse motor, há 4 modos de pilotagem: Urban, Touring, Sport (só nele há a entrega da potência total) e Enduro. A ideia de participar de um enduro com a V2S é um tanto otimista, mas as excelentes suspensões semi-ativas Sachs Skyhook e os pneus Pirelli Scorpion Trail II permitem incursões leves fora de estrada. Os modos de pilotagem ajustam a entrega de potência, a suspensão eletrônica, o controle de tração e o ABS. Ao acionar o modo Enduro, é engraçado ver a suspensão se elevar. Os modos de pilotagem podem ser intercalados em movimento, desde que se feche o acelerador.
Mesmo mais user friendly, o motor ainda é um ruidoso Ducati V2 Desmo, e na estrada é provocador, despertando o louco que todo motociclista traz oculto. No modo Sport é uma alucinação, empurra barbaridade. Com o quickshift (para cima e para baixo), a tocada é ligeira e suave na nave. A troca de marchas sem embreagem (com 8 discos, mais leve) também é útil no trânsito urbano, que afinal não é o habitat natural dessa imponente motocicleta.
Em uma pilotagem mais intensa, a suspensão semi-ativa mostra a que veio, ajustando frente e traseira a curvas e frenagens. O ABS sensível à inclinação, chamado de ABS de curvas, transmite tranquilidade.
O painel de TFT colorido é um verdadeiro tablet e permite programar uma série de funções, bem como o cruise control (o popular piloto automático). No pacote oferecido no Brasil, o cavalete central, manoplas aquecidas e, como dito, as malas laterais, são de série.
Mesmo pilotada como merece, a Multistrada V2S não se mostrou beberrona: percorreu algo entre 16 e 18 km por litro, em média, o que é excelente para a usina de força bruta.
Como você viu na comparação de preços, o segmento é duramente competitivo e pleno de opções, mas a Ducati se firma como marca de luxo, com alto valor agregado. E produtos de excelência, é claro, para quem os alcança…
Vida a dois
VISUAL 10
Cheio de personalidade, acabamento primoroso em detalhes, pintura, soldas, um show
TOCADA 9
É muito mais forte do que parece: fácil e prazerosa de levar em qualquer condição
SEGURANÇA 10
Tem o máximo que o mercado oferece nesse quesito, tanto eletronicamente quanto mecanicamente
MERCADO 8
É restrito pelo preço, como todo produto de luxo, mas empresta status e excelência
CONCORRENTES 8
É uma briga dura: o segmento é a menina dos olhos dos fabricantes de motos de luxo…
Papo reto
MOTOR 9
O V2 a 90º (ou L) mantém a personalidade Ducati, mas perdeu rispidez e ficou amigável
CHASSI 9
Tubular em treliça de aço tipo perimetral, uma especialidade da marca de Borgo Panigale
CÂMBIO 10
Seis marchas bem escalonadas, com engates às vezes um pouco duros. Quickshift bidirecional ajuda
SUSPENSÃO 10
Semi-ativa, adaptativa, de grife, um espetáculo
FREIOS 10
Top, com ABS de curvas, pinças quádruplas monobloco na frente. Sem comentários.
O juízo final
COOL
Estilo, versatilidade de uso, itens de série e eletrônica embarcada. Motor é brilhante e a pilotagem soberba.
OOPS!
Ruído e vibrações são marca dos V2 Ducati e fazem parte do pacote. No trânsito, esquenta as pernas. E o preço…
Multistrada V2S
R$ 96.990,00
DIMENSÕES
Comprimento (cm): nd
Alt./larg. (cm): nd
Entre-eixos (cm): 159,4
Peso (seco, kg): 202
Alt. do assento (cm): 83 (a 79)
Tanque (l): 20
MOTOR
Bicilíndrico em V a 90 graus, 937 cc, desmo, 8V, refrigeração a líquido
Alimentação: injeção eletrônica
Ignição: eletrônica digital
Partida: elétrica
Diâm/curso (mm): 94/67,5
Taxa de compressão: 12,6:1
Potência (cv/rpm): 113/9.000
Torque (kgf.m/rpm): 9,8/7.750
CÂMBIO
6 marchas com quickshifter, transmissão final por corrente
CHASSI
Quadro: treliça tubular de aço tipo perimetral
SUSPENSÃO
Dianteira: garfo telescópico invertido Sachs Skyhook Evo eletrônico com 48 mm de diâmetro e 170 mm de curso
Traseira: monoamortecida eletrônicamente multiajustável com 170 mm de curso
FREIOS
Dianteiro: 2 discos de 320 mm Brembo, ABS de curvas, pinça de 4 pistões de fixação radial
Traseiro: disco de 265 mm, pinça Brembo de 2 pistões
PNEUS
Dianteiro: 120/70 - 19
Traseiro: 170/60 - 17
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