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Harley-Davidson Fat Bob

Uma Harley-Davidson cheia de marra e boa de briga! A Fat Bob é uma feroz dragster de rua, com muito estilo


Por: Eduardo Viotti


Harley-Davidson Fat Bob
A Fat Bob faz jus ao nome: pneus balão e traseira truncada

Fat Bob é um nome e tanto para uma moto. Tecnicamente, descreve o modelo: Fat (gordo) porque tem pneus balão, imensos, parecem adaptados. Bob porque tem a traseira ao estilo bobtail, curta, truncada, cortada como o rabo de um cão boxer, por exemplo… Mas como expressão idiomática, a palavra fatbob define mais que isso: é um cara easy going, relaxadão, despreocupado, com aquele estilo de vida largadão que só os bikers dos EUA conseguem manter com a pensão de ex-combatentes etc…

A Harley-Davidson Fat Bob 2021 incorpora, pelo menos conceitualmente, algo desse espírito, apesar do preço de quase 98 mil reais não ser muito easy going…

H-D Fat Bob 2022
Poderosa, a Fat Bob é a rainha das arrancadas de farol, e vai bem na estrada

O visual é impressionante. A começar pelas características que o nome tão apropriadamente descreve: os pneus gigantescos e a traseira bem curta. Os pneus são Dunlop , marca inglesa do inventor dos pneumáticos, atualmente soc controle japonês. A Dunlop está dominando o mercado de linhas de produção e na Harley, desbancou a Michelin.

Traseira da Harley-Davidson Fat Bob
Luzes traseiras incorporadas aos piscas de LED: bobtail

Mas, assim como ocorria com a fornecedora francesa, os pneus vêm com a marca Harley-Davidson estampada na borracha, chique no último. O dianteiro é um vasto 150/80 e o traseiro é 180/70, ambos montados em rodas de liga leve chamadas Mantis (o inseto louva-deus), de 16 polegadas.

Impressionante também é a traseira curta, com um para-lamas ao estilo “raspador” preso à balança de aço. Expõe com orgulho o poderoso pneu traseiro, aquele que as crianças do carro de trás exclamam: “pai, olha isso!”…


ESTILÃO EASY RIDER

A moto é toda impressionante mesmo e a galera olha mesmo na rua. O farol largo é exclusivo (pelo menos até a chegada da Pan America) e ilumina a estrada como um carro de rali o faria –ou uma locomotiva elétrica o faz. Também é bom para aumentar a visibilidade da moto na via e, consequentemente, a segurança.

Frente da Harley-Davidson Fat Bob
Garfo invertido, para-lama curto e farol largo dão personalidade

O garfo dianteiro da japonesa Showa (empresa ligada à Honda) é invertido e apresenta credenciais de comportamento agressivo ao modelo. Com 13 cm de curso, lê bem a superfície lunar das pistas brasileiras e mantém uma boa aderência em curvas. A traseira, monochoque, tem um manípulo externo para regulagem da pré-carga da mola. É útil, mas o curso de 11,2 cm na roda, previsto para as higiênicas highways norte-americanas, é pequeno para o terceiro mundo. Com garupa, bate no fundo de vez em quando.

Levar garupa, aliás, não é uma tarefa fácil. O banco, esplêndido para o piloto, é meio desajeitado para a (o) passageira (o). Inclinado para trás, faz com que o acompanhante escorregue. Mas a Harley-Davidson, sabiamente, oferece bancos e sissy-bars (encostos) apropriados para que aquele proprietário comprometido de uma Fat Boy possa levar a companhia para passear sem conflitos. A linha de acessórios da H-D é enorme, a maior dentre todas as marcas.

O guidão de alumínio cônico é plano, estilo T-bar, com uma charmosa escala em graus para a inclinação que o motociclista escolher.

Não há cromados nesse modelo da família Softail. Ela é noturna, escura, intimidadora de fato. Visualmente, o motor se destaca em ambos os lados, mas especialmente no direito, em que o tradicionalmente exposto filtro de ar se destaca. O V2 Milwaukee Eight (referência à cidade que sedia a empresa e ao número de válvulas, quatro por cilindro) de 1.868 cc (114 polegadas cúbicas) é um canhão. Para 2021, a marca padronizou-o como único motor da marca oferecido no Brasil, facilitando a operação logística.

O fato é que, com seu 1,9 litro e 16,1 “quilos” de torque a apenas 3.000 giros, esse V-Twin dá a impressão de que os 330 quilos em ordem de marcha da moto lembrem um Airbus 380 em decolagem. Em pista curta…Na arrancada livre, não tem para ninguém! A Harley, você sabe, não divulga a potência nominal de seus motores. Ela está certa: privilegia a baixa rotação e o torque brutal. Potência é para os motores de alta rotação. Como os de dentista, aliás… Kkkkk!

O Milwaukee Eight é, de longe, o melhor motor que a Harley já apresentou, à exceção, talvez do Revolution refrigerado a água e com os cilindros a 60º que, depois de ser enterrado com a V-Rod, está voltando na versão Max, superpoderosa, equipando a maxitrail Pan America.


ON THE ROAD

Se a Fat Bob é uma real dragster bike nas arrancadas, ela também vai superbem na estrada. Muita segurança em ultrapassagens e poucas trocas de marcha, graças ao torque e elasticidade do motor.

Como toda moto fat, de pneus largos, é preciso algo de disposição e força física mesmo para colocá-la na trajetória em uma curva mais intensamente traçada. Mas é uma questão de adaptação: elavai e vai bem, com uma superfície de borracha em contato com o chão que poucas outras motos oferecem… Esse contato auxilia muito nas frenagens, bem seguras: os freios dão conta de segurar o monstro. O controle de tração viria bem, mas acho que os harleyros mais ortodoxos iriam achar que é bobagem de maricas…

A verdade é que a Harley-Davidson Fat Boy 114 é puro charme, estilo e desempenho, um ícone do motociclismo de estrada à moda norte-americana. Com acabamento impecável, pintura primorosa, pouco plástico e muito metal nobre, ela exala qualidade e robustez. É certamente um objeto de desejo. O ruído do escape 2x1x2 em tom acobreado com ponteiras superpostas de alumínio polido é música orquestral para qualquer motociclista.

Ficha Técnica da Harley-Davidson Fat Bob

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