Rapte-me Camaleoa - A Harley-Davidson Road King Snake Venom tem pintura especial que muda de cor conforme a luz. Belíssima, é sedutora como a serpente do paraíso…
Por: Gabriel Marazzi
Quando a assessoria de imprensa da Harley-Davidson informou que enviaria uma Road King Snake Venom para avaliação, já fiquei imaginando que tipo de “veneno” ela teria, para ter esse sugestivo nome: “veneno de cobra”. Seria algum kit para aumento de desempenho –que na marca leva o nome de Screaming Eagle? E, antes que você pergunte, principalmente se fizer parte da turma de motociclistas mais jovens, “o que veneno tem a ver com aumento de desempenho?”, explico.
Nos anos 60, até meados da década seguinte, era comum usar o termo “envenenar” para se referir a qualquer tipo de procedimento que aumentasse o rendimento de um motor. Tanto é que em São Paulo, na confluência da rua General Osório com a alameda Barão de Limeira, no centro da cidade, o local era conhecido como “esquina do veneno”, uma vez que lá estavam concentradas todas as lojas e oficinas de preparação de motocicletas. Isso desde os anos 50 até há pouco tempo atrás. Hoje não ouvimos mais essa expressão, a não ser nas conversas entre os veteranos do motociclismo e do automobilismo.
Mas voltemos à Harley-Davidson Road King Snake Venom. Quando a motocicleta chegou, vi que eu seria o primeiro a pilotá-la, pois tinha apenas 5 km marcados no odômetro. O impacto visual foi bem positivo, a cor verde brilhante deixou o modelo com um visual bem agressivo e, foi aí que eu entendi a sacada do nome da motocicleta. E que efetivamente funciona: Snake Venom é o nome dessa tonalidade de verde, capaz de apresentar variações bem diferentes de acordo com a incidência de luz, indo do turquesa ao cobalto, com tons de azul e verde-petróleo. É muito legal e, na natureza, algumas serpentes e répteis têm realmente essa tonalidade e a capacidade de mudar de cor…
A Harley-Davidson Road King Special em questão é idêntica às outras, de outras cores, que vêm em outro tom de verde, tipo militar (Deadwood Green) e dois tons de preto (Black Jack Metallic e Vivid Black). Mas a Snake Venom é a mais bonita, e ainda é a única que tem o requinte da aplicação do icônico número “1” da marca na lateral do alforje esquerdo. O marketing acertou.
COR ESPECIAL
Uma rápida pesquisa na net nos mostra que em muitas localidades o nome dessa cor é bastante utilizado em associação ao nome da motocicleta, para valorizar a versão. Quem sabe se, no futuro, uma Road King Special Snake Venom será mais cultuada do que em outras cores?
A Harley-Davidson Road King é um dos modelos mais tradicionais da marca norte-americana, trazendo uma carga de história muito mais densa do que muitos dos novos modelos que foram introduzidos no line-up nos últimos anos.
Tradicionalmente, a Road King sempre teve como característica a grande quantidade de cromados, em especial na parte superior do garfo, no enorme para-brisa e nos três faróis, além de muitos detalhes menores, também cromados. As rodas raiadas com faixas brancas nos pneus e os alforjes de couro eram outras caraterísticas típicas das Road King anteriores. A versão Special do modelo, no entanto, trocou tudo isso por muito preto, abandonando os faróis auxiliares e o para-brisa, incorporando o estilo bagger. Na parte frontal, a nacela do farol, formando um grande conjunto preto com o garfo e o guidão elevado estilo ape, é o que dá o tom visual ao modelo, assim como as rodas pretas Prodigy de dez raios duplos em X, sendo a dianteira de 19 polegadas (ambas as rodas da versão standard têm 18”).
É uma motocicleta bonita, de muito bom gosto, que em seu país de origem convive com a opção tradicional, apenas trocando os alforjes de couro pelos rígidos e mantendo o motor Milwaukee-Eight 107, de 1.754 cc como opção.
A Harley-Davidson Road King Special tem, lá como cá, o motor maior, de 1.868 cc, o Milwaukee-Eight 114. No Brasil, a Road King vem equipada de série com o pacote RDRS de segurança, um conjunto de sistemas que controla eletronicamente a tração e a frenagem em situações inesperadas ou de más condições da estrada, em retas e em curvas.
A título de curiosidade, nos Estados Unidos esse item é opcional e custa US$ 1.000 a mais. Se for para rodar na Califórnia, um adicional de R$ 200 é necessário, para adequar a moto às normas de emissões daquele estado.
A pilotagem da Harley-Davidson Road King é tranquila, pois seus 366 kg em ordem de marcha, quase não são percebidos, principalmente em movimento. O chassi é muito equilibrado e apesar de um pouco pesado, exala robustez.
As suspensões, apesar do pequeno curso, proporcionam muito conforto em pilotagens, mesmo depois de horas. O conjunto ciclístico, provado em décadas de aprimoramento, proporciona equilíbrio e estabilidade em retas e curvas.
MÚSCULOS
O motor M8 114 é muito forte, com um impressionante torque em qualquer faixa de rotação e acelerá-la com intensidade requer bons bíceps para firmar-se no guidão –o empuxo é violento. Afinal são 16,3 “quilos” de torque a imediatos 3.250 giros, coisa de automóvel. Chega a ser assustador.
A pequena altura do banco, uma característica da maioria das custom, é de 671 mm, baixa o suficiente para que pilotos de qualquer estatura firmem bem os dois pés no chão.
O assento do piloto é muito confortável, mesmo em longas permanências. O mesmo não se pode dizer do banco do garupa, que o “joga” para trás, devido à sua inclinação. Não há garupa que não reclame disso.
Se o belo conjunto de faróis da versão tradicional da Road King faz falta no visual, isso não acontece na iluminação, já que a adoção do farol principal de leds (Daymaker) foi uma das novidades para a linha 2021.
Um conjunto de leds não é tão bonito quanto um farol convencional, mesmo redondo, mas, indiscutivelmente, é mais eficiente. Por sinal, essa foi a única alteração introduzida este ano na Road King em relação à versão anterior. A Harley-Davidson Road King Special custa R$ 110.850. Uma sedutora opção entre as baggers de grande porte.
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