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Iron Butt

Atualizado: 20 de mai. de 2020

Por: Ricardo Couto

Eles são os “Bundas de Ferro” (numa tradução politicamente correta...), os CDFs mais legais da classe. Os motociclistas que gostam de enfrentar longos –e bota longos nisso– desafios e devorar quilômetros sobre o asfalto já têm a própria turma, e ela é internacional!

E esses amantes dos longos percursos podem homologar suas proezas numa espécie de “Hall da Fama” nos Estados Unidos e entrar para a galeria dos Easy Riders dos tempos atuais. A Iron Butt Association (IBA) emite certificação para os pilotos que cobrem longas distâncias.

Com o divertido slogan “O mundo é nosso playground”, a entidade estabeleceu uma série de desafios para quem curte passar longas horas sobre a moto. Os desafios “mais leves” vão desde percorrer 1.000 milhas (1.609 quilômetros) em 24 horas (chamado de Saddle Sore –sela dolorida...) ou 1.500 milhas (2.414 km) em 36 horas (Bun Burner –queimador de rosca...), mais indicados para os iniciantes, até os radicais Xtreme, para os devoradores de asfalto, como acumular 100 mil milhas (160.934 km) em 12 meses (100k Club). Dá 13.411 quilômetros por mês, 447 km por dia. Todo dia, um ano.



Há também provas como cruzar os Estados Unidos, de Costa a Costa, em menos de 50 horas (50CC); percorrer 48 Estados dos EUA em 10 dias; visitar 50 parques nacionais em pelo menos 25 Estados, ou fazer 1.000 milhas diárias em 10 dias consecutivos (10/10ths), num total de 10.000 milhas (16.093,4 km), isso fora outros ainda mais radicais.

A prova de certificação é uma espécie de corrida contra o relógio, nos moldes dos ralis de regularidade. A única exigência é que o motociclista zele pela sua segurança e respeite os limites de velocidade de cada cidade ou estrada. O negócio é manter velocidade constante e fazer paradas curtas, para não comprometer o tempo final cronometrado.

Também não é nada de outro mundo. Para percorrer 1.000 milhas (cerca de 1.609 km) em 24 horas, a média de velocidade a ser mantida deve ser de 67 km/por hora, sem considerar as paradas durante o percurso. Para não comprometer a segurança, a associação recomenda uma parada de até 20 minutos a cada hora de viagem, o que daria 8 horas de descansos alternados. Com esses intervalos, a velocidade média a ser mantida sobe para 100 km/h. O legal desses desafios é que cada pessoa estabelece seu próprio ritmo de condução, administrando seus horários.

“Ainda temos poucos motociclistas homologados pela Iron Butt Association no Brasil. A maioria deles já completou seu desafio e obteve a qualificação da IBA. Mas certificamos pilotos em todo o mundo”, afirma Ira Agins, coordenador de relações da entidade.

As regras completas, procedimentos, requisitos de documentação, formulários e tabelas de preços estão no site www.ironbutt.com. Basta clicar no link “Rides e Rules” (viagens e regras) da home page. Segundo Ira, a IBA pode enviar uma versão com o resumo dessas normas em português.

Como é feita a certificação da viagem

Antes de partir do ponto de origem, o motociclista deve abastecer a moto em um posto de gasolina e guardar a nota fiscal, com o nome e endereço do estabelecimento, nome do frentista, além do horário impresso no papel, para posterior verificação. O fato deve ser presenciado por uma testemunha, que preenche e assina um formulário padrão, onde são anotados os dados e placa da moto, além da quilometragem inicial marcada no hodômetro.

A cada 300 milhas (menos de 500 km), no máximo, o piloto deve fazer o reabastecimento e obter uma nota fiscal. Também são necessários os recibos de gastos de alimentação ou de hospedagem, no caso de viagens mais longas.

Ao completar a prova, o tanque da moto é completado e o abastecimento presenciado por testemunha, que preenche um novo formulário, comprovando a quilometragem final. A nota fiscal do posto deve conter o horário, que servirá para comprovar o tempo gasto no percurso total.

Feito isso, nos dias seguintes, o proprietário deve juntar todos os recibos, formulários e enviar uma cópia da documentação, junto com um mapa contendo as cidades do roteiro onde abasteceu, para a Iron Butt Association, que iniciará uma auditoria, inclusive ouvindo as testemunhas, para comprovar a veracidade das informações.

O aventureiro paga uma taxa de US$ 45 (no caso de percursos de 1.000 e 1.500 milhas) para a emissão da homologação,

e depois de dois a três meses recebe um certificado, acompanhado de um pin e placa plástica de licença com o registro do feito para colocar na moto.

Com mais de 50 mil participantes nos Estados Unidos e entusiastas em todo o mundo, a Iron Butt (www.ironbutt.com) informa que não é uma associação nos moldes tradicionais. Não há cobrança de mensalidades, eleições, estatutos, reuniões formais ou boletins mensais como nos Clubes de Motos. As auditorias são feitas por motociclistas aficionados, que trabalham como voluntários. Muitos deles já inscreveram seus nomes na “galeria da fama” da entidade.

Michael Kneebone

Presidente da Iron Butt Association, Michael Kneebone é uma lenda dos raides de longa distância nos Estados Unidos. Um dos feitos desse jornalista especializado em motos foi quebrar a barreira de 60 horas do Guinness ao fazer o percurso de moto entre Nova York e São Francisco (o recorde anterior era de 64 horas) em 47 horas e 41 minutos.

Ele também percorreu 1.704 quilômetros em 24 horas; e fez 50.000 milhas (80.467 km) em seis meses. Kneebone detém o recorde de cruzar 48 Estados americanos em 6 dias, 13 horas e 22 minutos, em 1986. Também fez testes malucos, como rodar 16 km de moto sobre dormentes de estrada de ferro para testar a suspensão e cobrir 21.000 milhas (33.789 km) em 5 semanas para avaliar um novo motor.

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