Por: Ricardo Couto
Caçador implacável - O norte-americano Kevin Schwantz foi campeão mundial da categoria máxima uma só vez. Mas arrastou paixões com seu estilo obstinado de perseguir os adversários.
O piloto texano Kevin Schwantz conquistou apenas um Campeonato Mundial de MotoGP (em 1993) e um vice (1990), mas angariou uma legião de fãs ao redor do mundo. Correndo na categoria de 500 cc, era bastante aguerrido, o que lhe valeu a fama de piloto veloz. Com audácia e determinação, e principalmente pelo modo obstinado em que perseguia seus rivais nos circuitos internacionais ao longo de sua carreira de 10 anos (1986 a 1995), figurou pelo menos por seis anos (de 1989 a 1994) entre os Top 4 na categoria máxima do motociclismo. Ao todo, acumulou 25 vitórias em Grandes Prêmios, chegando 13 vezes em segundo e outras 13 vezes em terceiro. Foram 51 pódios e 26 voltas mais rápidas. Durante esse período, estabeleceu também 21 recordes, além de 29 pole positions.
O COMEÇO
Nascido em 19 de junho de 1964, em Houston, no Texas, e filho de um dono de concessionária de motos, Schwantz teve seu primeiro contato com o mundo das duas rodas aos 3 anos, quando passou a brincar com uma minimoto movida por um motor de cortador de grama. Seu ídolo de infância foi o inglês Mick Andrews, bicampeão europeu de trial em 1971 e 1972 (vice em 1973), que visitava a revenda de seu pai e o ensinou a pilotar na terra. Ainda adolescente, Schwantz se transferiu para o motocross, onde veio a se destacar em provas regionais. Também participou de algumas corridas de dirt track usando uma motocicleta emprestada por seu tio, o piloto off road americano Darryl Hurst. Correu algumas provas de estrada em Austin, Texas, mas um acidente em um treino do Supercross o fez desistir do motocross.
MOTOGP
Sempre pilotando máquinas da fabricante japonesa Suzuki, marca à qual se manteve fiel ao longo de toda a sua carreira, Schwantz estreou no MotoGP no Grande Prêmio de Assen, na Holanda, em 1986, e voltou às pistas em 1987, cumprindo ao todo apenas sete corridas.
Em 1988 passou a se dedicar em tempo integral às provas da categoria de 500 cc. Sua primeira vitória aconteceu em Suzuka no Japão, em 1988, quando estreou no pódio e também fez a volta mais rápida da corrida. Em 1989, foi o quarto colocado do MotoGP. Um ano depois (1990) seria vice-campeão. Terminou a temporada em terceiro em 1991 e novamente em quarto em 1992.
No início dos anos 90, seus fãs veriam Schwantz acumular uma série de vitórias e pódios, mas também sofrer algumas quedas. Mesmo sendo pouco consistente, ele era um piloto rápido e combativo, dotes que o consagraram como uma das principais figuras da 500 cc.
Schwantz compartilhou uma era de ouro do motociclismo com grandes nomes como Eddie Lawson, Wayne Gardner, Mick Doohan, Randy Mamola e Wayne Rainey. Durante este período, batalharia em pé de igualdade com esses rivais e desenvolveria a Suzuki RGV500, com a qual obteve seus principais feitos. Foi também nessa época que manteve sua longa rivalidade com o compatriota Rainey, da equipe Yamaha, do qual se tornou mais tarde um admirador.
Seu desempenho voltou a se destacar em 1993, quando acidente com Rainey no Grande Prêmio da Itália, em Misano, faltando duas etapas para completar o campeonato, abriu caminho para Schwantz conquistar seu primeiro título da categoria, aos 29 anos. Com lesões e alguns ossos partidos, o texano tentou defender seu título em 1994, mas acabou o ano em quarto lugar. Correu três provas em 1995, mas já sem condições físicas, resolveu se afastar das pistas.
Schwantz é considerado um dos melhores pilotos de motociclismo americanos de todos os tempos e um dos mais populares em todo o mundo. Ao se aposentar, a Federação Internacional de Motociclismo (FIM) retribui seus feitos para o esporte, retirando o numeral 34 das competições da categoria, que exibia em suas motos quando corria, uma honraria inédita no esporte sobre duas rodas. Em 2001, abriu a Escola Kevin Schwantz, na qual realiza treinamentos e ensina noções de segurança aos motociclistas. No primeiro semestre deste ano, Schwantz recebeu a maior de suas homenagens: teve seu nome gravado na Calçada da Fama do motociclismo mundial no circuito de Jerez de la Frontera, na Espanha.
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