High level - A Harley-Davidson Low Rider S 114 define este estilo clássico das custons e revela desempenho agressivo e estabilidade surpreendente, em um visual custom de fábrica
Por: Eduardo Viotti
Low Rider é uma subcultura norte-americana, criada e preservada entre os latinos da Califórnia há mais de 50 anos. Designa bem mais que carros multicoloridos com suspensões rebaixadas –eventualmente “dançantes”– e motocicletas customizadas com rodas dianteiras grandes, guidões elevados e escapamentos ruidosos. É meio que um estilo de vida, de comportamento de grupo, tribal… Tem origem na rebeldia dos anos 60 e recebeu muita influência do hip-hop e do funk nos anos 90.
A Harley-Davidson Low Rider S é representativa desse estilo de customização. Baixinha, desfila sua brutalidade dark a meros 12 cm do solo. Com guidão alto, ao estilo drag bar, inspirado nas motos de provas de arrancada, impõe uma postura ereta, com os pés levemente avançados e os cotovelos elevados, braços abertos para o vento. O aro 19” na dianteira confirma os cânones do estilo.
Acabada totalmente em preto, com o mínimo de cromados, a Low Rider é linda. Visualmente, brilham apenas alguns anéis: na moldura da lanterna traseira, nos instrumentos redondos, na ponta dos escapes superpostos. Também têm cromo os tubos que protegem as varetas dos comandos de válvulas. As aletas de refrigeração dos cilindros são polidas na face lateral e destacam a imponência e beleza do enorme V2. A moto chama muita atenção e impressiona por onde passa. Rodas e as inscrições de tanque e filtro de ar são em tom acobreado, bronze, dão-lhe um ar sofisticado… Pintura e cromados são de acabamento esmerado.
Para completar a apreciação visual e estética, ponto de honra para qualquer Harley-Davidson, não se pode deixar de lado as rodas de liga com cinco raios, também em tom bronze. São chamadas de Radiate, raiadas. Aro 19” na frente, com pneu estreito, 110/90, e 16” atrás, com um pneu bem mais imponente, 180/70. Os pneus são excelentes, Michelin Scorcher com marca Harley-Davidson, proporcionam boa aderência em cruvas e frenagens, no seco e sobre piso molhado, mostrando excelente escoamento de água.
Uma pequena carenagem de farol emoldura o elemento óptico redondo, com um anel luminoso e dois blocos de iluminação superpostos, tudo em LED. Ilumina como uma locomotiva à noite e é supervisível de dia, o que transmite segurança entre os carros, inimigos naturais.
A lanterna traseira é uma bela peça de design, com as fileiras de LEDs vermelhos expostas, acomodadas dentro de uma capa de acrílico fumê transparente. Bem legal. Como várias de suas meio-irmãs da família Softail, a Low Rider tem a placa acima do conjunto de luz traseiro, numa posição um pouco, digamos, superexposta.
O banco, ao estilo selim individual –o modelo é monoposto–, é macio e acomoda bem o piloto, mas a posição de pilotagem é forçada e pouco ergonômica, mesmo para os mais compridos. O guidão fica alto e longe demais. Os risers que o afastam da mesa são altos e, na unidade avaliada, o próprio guidão estava bem à frente. Apenas soltá-lo e incliná-lo mais para trás melhoraria enormemente a ergonomia.
As pedaleiras não são muito avançadas e os joelhos vão mais ou menos a 90 graus, o que é muito bom. Sem plataformas e com pedaleiras retráteis com sapatas de borracha, a Low Rider inclina mais que suas meio-irmãs, atingindo o máximo de 30,1 graus para ambos os lados. As suspensões são bem mais avançadas que as da maior parte da família, com a instalação de um reforçado garfo invertido na dianteira. Além de contornar curvas com precisão, absorvem bem irregularidades maiores, tarefa na qual a roda dianteira de aro 19 polegadas ajuda bastante…
O motor, o potente V2 twin spark (duas velas por cilindro) Milwaukee-Eight de 114 polegadas cúbicas, cerca de 1.868 cc de cilindrada, é a atração principal, tanto no visual quanto na dirigibilidade. O torque máximo de 15,8 kgf.m a baixíssimos 3 mil giros é intenso e está sempre pronto a rugir quando solicitado, desde as mais baixas rotações. A Low Rider é ligeira e pula na frente no farol. Quem disser que não há emoção numa custom, não sabe nada…
A Low Rider S tem um dos melhores painéis de instrumentos dentre todas as Softail, com dois visores analógicos, de ponteiro, montados em um painel fosco sobre o tanque: tacômetro e velocímetro. A posição não é das melhores, pois é preciso baixar o queixo para visualizá-los. Um pequeno LCD completa as informações necessárias e oferece várias opções de exibição.
Há quem clame por mais tecnologia embarcada, mas essa não é a praia dos harleyros fiéis. Controle de tração, modos de pilotagem, painel TFT, nada disso… Numa Harley- Davidson, o que vale mesmo é um motor impositivo e brutal, num visual de muito estilo, puro e representativo do espírito de que a pilota…Ah, o preço subiu! A Low Rider S está agora a elevados 84,2 mil reais. Artigo de luxo!
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