Por: Eduardo Viotti
Beleza italiana - A Monster 1200S é séria candidata ao título de naked mais divertida e charmosa.. E o que anda é uma enormidade!
A família Monster é a mais vendida da marca ítalo-germânica Ducati (apesar de ser um ícone italiano, pertence ao grupo Volkswagen/Audi). Inaugurada em 1993 com projeto do designer Miguel Ángel Galluzzi, a série das nakeds de alta performance é a porta de entrada para a prestigiosa marca de luxo. Isso não quer dizer que sejam baratas. Esta linda Monster 1200S, a mais potente e equipada da série, tem preço divulgado pela fábrica de 65,9 mil reais, embora a pesquisa da Fipe aponte sua comercialização por 59,9 mil reais em agosto de 2019. Esses valores se referem a motocicletas ano/modelo 2018.
A Monster 1200S veio redesenhada, mais compacta e mais agressiva ainda na versão para este ano. Mas ainda preserva muito do design original de Galluzzi, como o gancho de fixação do tanque atrás do canote, uma remissão às motos de corrida dos tempos heroicos do motociclismo. O quadro em treliça de tubos vermelhos soldados com precisão é um elemento distintivo da família de Bolonha.
A versão S é mais equipada e esportiva: começa pela suspensão Öhlins inteiramente ajustável (em pré-carga, compressão e retorno), com garfo invertido de 48 mm de diâmetro na dianteira e monobraço de alumínio na traseira, detalhe legal, que deixa exposta a bela roda Marchesini de alumínio com três raios duplos em formato de Y –e facilita a retirada do conjunto roda/pneu traseiro. O para-lama minimalista é de fibra de carbono e compõe com a DRL (daytime running light, luz de uso diurno) o visual frontal, ligeiramente saudosista por causa do farol arredondado.
Toda a iluminação é em LED, inclusive piscas e a lanterna traseira, quase discreta sob o banco do garupa. O assento vem com uma cobertura de fibra vermelha que transforma o modelo em monoposto e acrescenta um toque de esportividade ao visual. Essa capa é bem fácil de remover, mas exige o uso de ferramentas simples. O design se completa com o tanque, mais afilado na cintura e com a linha sinuosa dos dois escapes (unidos por molas, um capricho que evoca o passado de pistas), que terminam em um belo conjunto de ponteiras duplas, assimétricas e superpostas. E é lógico que o motor desta bella macchina nuda não poderia estar encoberto: além dos dois enormes cilindros a 90 graus, se destacam as aletas do radiador de água, sob a mesa, e do radiador de óleo, que funcionam como um spoiler, sob o motor.
PIMENTA BOLONHESA
O desempenho, entretanto, não tem absolutamente nada de saudoso. O V2 a 90º é o Testastretta 11º DS (testastretta significa cabeçote estreito e 11º alude à versão do motor) é uma fera. Embora seja, como todo desmodrômico, mais afeito aos altos giros, oferece torque em baixa suficiente para uma pilotagem urbana e civil.
Ele incorpora um pacote eletrônico derivado diretamente daquele que veio na Panigale 1299, a superbike rossa. Desenvolve brutais 150 cv a 9.250 rpm (5 cv a mais que a Monster 1200S anterior) e um pico de torque de 12,9 kgf.m a 7.750 rpm. Suas 4 válvulas por cilindro são acionadas por comando desmodrômico, no qual as válvulas retornam às sedes “puxadas” mecanicamente e não empurradas por molas, como nos comandos convencionais.
O motor é comandado eletronicamente por acelerador sem fios e isso permite a aplicação de três modos de pilotagem: Sport, Touring e Urban, para uso esportivo, em viagens e urbano, respectivamente. Além da entrega de potência, esses programas reordenam a ação do controle de tração e dos sistemas anti-empinadas (anti wheeling) e de freios antiblocantes, ambos de desempenho esportivo e conectados a uma poderosa unidade de medição inercial (IMU), o mais completo sistema de sensores de movimento e inclinação existente atualmente.
O câmbio de seis marchas é bem escalonado, mas mantém os engates rijos e impõe certa dificuldade em achar o neutro, especialmente em paradas rápidas.
A qualidade do sistema ciclístico (quadro, suspensões) e dos largos pneus Pirelli Diablo Rosso 3 (medida 190/55 atrás e 120/55 na frente) assegura uma estabilidade digna de circuitos de competição. A moto pesa 185 kg a seco, pouco para uma 1200 de altíssimo desempenho. Confesso que não fui capaz de atingir o limite de performance da Monster 1200S, apesar de uma experiência de 45 anos de pilotagem. Fazê-lo exige mais juventude e destemor…Mas ela mostra segurança: os freios Brembo com pinças M50 monobloco radiais na frente (o que há de melhor no mercado mundial) detêm a moto com muita firmeza.
O painel é em TFT, Thin Film Transistor, colorido, multifuncional e adaptável à luz incidente a à preferência do piloto. O nível de informações é supercompleto e varia de acordo com o modo de pilotagem eleito: no Urban, a quantidade de informação é reduzida, privilegiando a velocidade e a marcha em uso. No modo Touring, todas as informações necessárias na estrada são expostas: consumo, autonomia etc. No Sport, os dados são aqueles úteis em pista. O conta-giros é privilegiado e ganha em visibilidade e leitura.
A Monster 1200S é diferenciada, bonita e divertida.
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