Por: Ricardo Couto
O imbatível Agostini - Correndo em duas categorias nos anos 60 e 70, Ago soma 15 títulos mundiais
Um dos maiores mitos da motovelocidade de todos os tempos, o italiano Giacomo Agostini é até hoje respeitado como um monstro sagrado das pistas, acumulando a ainda imbatível marca de 15 títulos mundiais. Foram oito na categoria de 500 cc e sete na de 350 cc.
Na lista dos grandes campeões de 1949 até 2013, o piloto figura à frente do espanhol Ángel Nieto (13 títulos) e do conterrâneo Valentino Rossi, ainda em plena atividade e com 9 mundiais, 7 na categoria 500 cc, 1 na 250 cc e 1 na 125 cc. Rossi leva vantagem sobre Agostini no número de vitórias em GPs (80), de pódios (148) e de poles-positions (49), na comparação direta da categoria de 500 cc. E já o deve ter superado em voltas mais rápidas em corridas.
Em declaração publicada no site da Agência Ansa em janeiro de 2013, Giacomo Agostini falou sobre as chances do rival naquela temporada. “Estou convencido de que Valentino Rossi não está terminado, mas acho que vai ser difícil para ele ganhar o próximo campeonato”, analisando as perspectivas de o corredor superar o seu feito. “No meu tempo de piloto, fazia turno duplo: corria ao mesmo tempo na 350 cc e na 500 cc. É completamente diferente nos dias de hoje.” Sobre os 34 anos de Rossi, completados em fevereiro daquele ano, Agostini disse: “O fator idade se aplica a todos os pilotos, caso contrário eu ainda não estaria no banco.”
Em pouco mais de 14 anos de carreira (de 1964 a 1977), Ago (apelido pelo qual ficou conhecido nos circuitos europeus) obteve marcas invejáveis, como a conquista de 18 títulos italianos; 122 Grandes Prêmios vencidos, sendo 68 na categoria de 500 cc e 54 na de 300 cc; e esteve no pódio 159 vezes, 88 delas em provas da 500 cc e 71 na 350 cc.
Durante esse período, Agostini obteve a volta mais rápida em 117 provas (69 vezes na 500 cc e 48 na 350 cc). Apesar de ter obtido mais vitórias, o italiano não é o rei das pole-positions –foram 9 em toda a carreira. Seu forte era a tocada forte, e a estratégia de galgar posições a cada volta.
Nascido em 1942 em Brescia, na Lombardia, Agostini começou a correr entre 11 e 12 anos em provas de subida de montanha e , depois, em corridas de estrada. Conta a história, que além de não ter dinheiro para competir, teve que enfrentar a ira de seu pai, que era contra a sua participação em competições de motociclismo.
Já com a aprovação da família, em 1963 conquistou seu primeiro Campeonato Italiano na categoria de 175 cc, conduzindo uma moto Morini. Um ano depois, Agostini disputaria duas provas do Mundial na categoria 250 cc pela marca e ganharia o título italiano de 350 cc, além alcançar um quarto lugar no Grande Prêmio de Monza, na Itália.
Estes resultados chamaram a atenção do conde Domenico Agusta, que contratou Agostini para sua equipe. Em 1965, foi vice-campeão com a MV Agusta nas categorias de 350 cc e 500 cc. Logo se tornou o melhor piloto do time e, no ano seguinte, conquistou o primeiro título da 500 cc para a marca. Em 1967 foi campeão na 500 cc e vice na 350 cc.
A saída da Honda do Mundial a partir de 1967 iniciaria o período de ouro de Agostini nas pistas. De 1966 a 1975, ele teve domínio absoluto em quase todas as temporadas. Pilotando a sua MV Agusta, de 1968 até 1972 venceu praticamente todos os Grandes Prêmios
disputados a cada ano, ganhando o título por cinco temporadas consecutivas nas duas categorias. Isso só deixou de acontecer em 1969 e 1970 (na 500 cc) e também em 1972 e 1973 na 350 cc –mesmo assim venceu grande parte das corridas do calendário. Em 1974, levou todas as cinco provas da temporada na 350 cc!
Após obter 13 títulos pela equipe italiana, nas duas categorias, Agostini anunciou a sua transferência para a Yamaha, onde disputaria as temporadas de 1974 e 1975. Em sua estreia na equipe da fábrica japonesa , assegurou o Campeonato Mundial de 350 cc, mas lesões e problemas mecânicos o impediram de ganhar o de 500 cc.
Em 1975 viria o último título mundial da carreira do italiano, então com 33 anos, na categoria de 500 cc – Agostini ainda foi vice na 350 cc, perdendo a temporada para o estreante venezuelano Johnny Cecotto, com Yamaha.
Em 1976, correu pela Yamaha (na categoria 500 cc) e pela MV Agusta (350 cc), vencendo seus dois GPs, um em cada categoria. Sua última vitória foi em Nurburgring, na Alemanha. No ano seguinte, Agostini se retirou das pistas.
Sobrou o legado de ter sido o nome com mais títulos mundiais na carreira, após uma hegemonia de dez anos nas pistas, onde obteve o maior número de campeonatos simultâneos em duas diferentes categorias. Feitos que outro piloto ainda não conseguiu igualar.
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