Por: Eduardo Viotti
Grã-turismo na estrada, com graça!
A Yamaha promove a Tracer de versão a modelo, transformando-a na GT 900… Com ela, nem a mais longa das viagens se torna monótona…
A Yamaha decidiu desligar a sua Tracer da família Master of Torque de street fighters, elevando-a definitivamente à condição de Grã-Turismo. O modelo, não mais uma versão da MT-09, passa a se chamar Yamaha GT 900 Tracer. A sigla GT revela exatamente a proposta da motocicleta: viajar, longe, curtindo cada centímetro da estrada, com uma forte pegada de esportividade.
Para cumprir essa missão, de concorrer com as demais crossovers a até com as bigtrail de 800 cc, a Tracer ganhou uma série de modificações, a começar pelo novo design.
Com preço sugerido de R$ 49.390,00 (mais frete, que varia de Estado para Estado) a nova sport touring é oferecida nas cores preta e azul com rodas azuis (como nesta versão avaliada).
Em uma rápida passada de olhos, as principais mudanças são a adoção de um novo garfo dianteiro, invertido, totalmente ajustável e de uma balança traseira de alumínio mais longa, que aumenta a distância entre-eixos. Como você sabe, um entre-eixos maior dá maior estabilidade e conforto na pilotagem em estradas abertas e longas, minimizando as oscilações frontais, no sentido longitudinal do chassi. Por outro lado reduz a manobrabilidade em baixas velocidades, e quando parada.
Na parte estética e de “carroceria” também há mudanças, a começar pelos novos assentos,
separados para piloto e garupa, com ajuste de altura bem fácil: basta retirar o banco e reposicioná-lo mais para trás (ou à frente). As carenagens também mudaram, recebendo novo design.
Também são novas as alças de alumínio de apoio para o garupa, que se prestam igualmente à amarração de malas e bagagens. O para-brisa é muito fácil de ajustar, mesmo com a moto em movimento, e ganhou maior área de proteção.
As suspensões também sofreram evolução: os amortecedores dianteiros foram recalibrados e são ajustáveis ao peso de carga sobre a moto e ao estilo de pilotagem. Na suspensão traseira, o amortecedor agora oferece ajuste de retorno e a pré-carga da mola passa a ser regulada por um manípulo de fácil acesso, mesmo com luvas e com a moto em movimento. Entre os novos itens de conforto destacam-se os aquecedores de manopla, acessórios que parecem pouco úteis, mas que já me salvaram a pele em uma subida enregelada pela Serra do Rio do Rastro, em Santa Catarina. Nas regiões Sul e Sudeste é importante, assim como em viagens internacionais e até mesmo sob chuva.
O guidão cônico de alumínio está mais estreito, o que é bem melhor nos corredores do tráfego urbano pesado e também torna mais natural e menos cansativa a posição de trabalho de braços e ombros, ótimo para longas viagens.
As pedaleiras do garupa foram reposicionadas para dar maior conforto ao passageiro em trajetos longos, pois mantêm as pernas menos flexionadas.
Outra boa adoção para maiores distâncias é o piloto automático (cruise control), que mantém a velocidade de cruzeiro escolhida –fixa velocidades entre 50 km/h e 180 km/h!– a partir da 4ª marcha. Não é muito útil nas pouco disciplinadas estradas do Brasil, onde você é constantemente fechado por outros veículos e é difícil manter velocidade constante, mas ajuda a evitar multas nas autopistas.
PAINEL TFT
Surfando a onda de grande parte das motos premium, a Tracer GT 900 adota painel de última geração, colorido e de alta definição. Ele pode ser customizado pelo piloto e
é sensível à luminosidade ambiente. É bem completo, com indicador de marcha, nível de combustível, posição do D-Mode, conta-giros, odômetros, consumo médio e instantâneo, autonomia restante, temperatura do motor e do ambiente. A shift light é programável: você pode escolher a rotação em que ela acende para sugerir a troca de marcha.
A Yamaha GT 900 Tracer utiliza o mesmo motor nervoso de três cilindros de 847 cc de cilindrada com virabrequim Crossplane da MT-09 2020, agora dotado de acelerador eletrônico Ride-by-Wire, que disponibiliza controle de tração de dois níveis e que também pode ser desligado.
O motor entrega 115 cv de potência máxima a 10.000 rpm e atinge o pico de torque de 8,92 kgf.m nas 8.500 rpm. O peso total da Tracer com o tanque de combustível de 18s. litros completo é de 215 kg, e com isso ela oferece uma relação peso x potência de 1,86 kg para cada cv. Mesmo sendo 10 kg mais pesada que a MT-09, ela mantém a agressividade, com acelerações e retomadas instigantes. O consumo varia de acordo com a manopla direita: vai de 28 km/l a 100 km/h constantes a 14 km/l com a mão embaixo…
O Quick Shifter permite trocas de marcha rápidas –apenas para cima– sem a necessidade de acionar a embreagem. Basta acelerar e levantar o pedal do câmbio de seis marchas, sem aliviar o acelerador. A embreagem assistida e deslizante impede que a roda traseira trave nas reduções mais bruscas e proporciona um acionamento da alavanca 20% mais leve.
Apesar de adotar acelerador eletrônico, ela não dispõe de modos de pilotagem que alteram a entrega de potência do motor. Os três modos de pilotagem denominados D-Mode alteram apenas as respostas do acelerador, sendo a STD a original; o modo A com respostas super-rápidas e o modo B mais manso e apropriado para uso econômico.
O chassi de alumínio é leve e rígido, um belo projeto. Os freios são potentes. Dois discos de 298 mm na dianteira, com pinças radiais; e disco único traseiro de 245 mm com pinça simples dão conta do recado, sem sustos e sem fadiga, auxiliados pelo ABS. As luzes são de LED, exceto os piscas. O conjunto óptico dianteiro duplo conta com quatro lâmpadas
de LED e luz de posição diurna.
A Tracer 900 GT é uma fantástica opção para quem gosta de pilotar e de viajar, nessa ordem. Forte, estável, agressiva, mas com conforto e equipamento suficiente.
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