A pequena superesportiva da Yamaha
Por: Gabriel Marazzi
Superesportivas com uma enorme dose de “cavalos” disponíveis no motor podem ser o sonho da maioria dos motociclistas que curtem uma pilotagem esportiva, mas nem tudo é potência ao extremo. Pensando nisso, a Yamaha já vem, há algum tempo, oferecendo boas opções de diversão com motocicletas de baixa cilindrada. Seja para as ruas, seja para as pistas.
Não faz muito tempo que a Yamaha “esportivou” bastante a sua Fazer 150 –que, na verdade, já era a versão mais apimentada da pacata e versátil Factor 150 –, lançando a FZ-15, definida como uma motocicleta street premium, e que trazia consigo o sistema ABS de freio e a suspensão traseira monoamortecida Monocross, além de outros detalhes bem esportivos, como o freio traseiro a disco.
Desta vez, a proposta foi ainda mais agressiva: transformar a Yamaha FZ-15 em uma grande pequena superesportiva, como o próprio fabricante define a sua nova motocicleta, dotando-a de equipamentos nunca antes visto por aqui em uma motocicleta dessa cilindrada. Na verdade, a Yamaha YZR-R15 (esse é o seu nome completo) é uma outra motocicleta, muito diferente da FZ-a5, como podemos notar facilmente apenas comparando seus dados técnicos.
Visualmente, a Yamaha YZF-R15 é mesmo uma esportiva, com sua carenagem integral e posição de pilotagem de corrida. Mas são os elementos internos que a carenagem esconde é que definem o perfil dessa motocicleta. A começar pelo quadro Deltabox de aço, com balança traseira de alumínio, bem diferente do quadro tipo diamante da FZ-15.
E o motor? Ah, esse sim é a jóia da motocicleta. Com cilindrada de 155 cm3 (a FZ-15 tem 149 cm3), ele chega à potência de 18,8 cv a 10.000 rpm, com torque de 1,5 kgfm a 8.500 rpm. Números bem atraentes para uma pequena esportiva, não? A FZ-15 tem potência de 12,4 cv a 7.500 rpm (com etanol, esse motor é flex) e torque de 1,3 kgfm a 5.500 rpm.
Mas não são apenas os números que impressionam na nova Yamaha YZF-R15, mas, principalmente, o que esse motor tem para chegar a eles. Com taxa de compressão de 11,6:1, ele tem sistema de alimentação com comando de válvulas variável VVA (Variable Valve Actuation), que garante uma boa dose de torque em baixas rotações sem comprometer a potência em altas. Isso a torna, inclusive, uma esportiva com excelente respostas para uso urbano, além de mostrar todo o seu desempenho na pista. Aliás, foi lá que eu pude “sentir” que seus números de desempenho são realmente coerentes com a sua tocada.
E se eu já ia esquecendo de contar, a Yamaha YZF-R15 tem sistema refrigeração a água, bem diferente do sistema a ar da Yamaha FZ-15, e câmbio de seis marchas (a FZ-15 tem cinco marchas), com embreagem deslizante e assistida.
Ao saber do lançamento de uma pequena esportiva com essas características, logo a imaginei em uma pista. Só que a Yamaha foi mais rápida desse ponto, pois já anunciou um campeonato específico para essa motocicleta a partir do próximo ano, nos mesmo moldes como já faz com a Yamaha R3.
Com a introdução da YZF-R15 no campeonato oficial de motovelocidade da Yamaha, os pilotos de 9 a 15 anos terão a oportunidade de ingressar na modalidade, enquanto que pilotos acima de 16 anos já entram na R3 Cup.
Para ter uma ideia de como anda a nova Yamaha YZF-R15, pude experimentar a motocicleta em duas ocasiões, na pista de Interlagos e em um kartódromo próximo à capital. É claro que a primeira constatação é que a motocicleta é mesmo destinada a jovens pilotos, se estes pretendem extrair o máximo de desempenho da pequena grande máquina. Mas foi possível, também, comprovar que a Yamaha YZF-R15 é extremamente competente, mesmo para um piloto “das antigas” como eu.
Fiquei pensando, então, de como um jovem piloto pode se sentir realizado com uma motocicleta dessas, lembrando meu começo nas pistas, quase 50 anos atrás, correndo com uma 125 de rua praticamente original. Na verdade, a motocicleta tinha apenas um guidão tomaseli, um escapamento especial e o numberplate no lugar do farol. Imagine só uma YZF-R15 naquele tempo! Seria mais até que uma 125 especial de competição daquele tempo.
Depois de algumas voltas na pista, a Yamaha YZF-R15 vai se adaptando ao velho piloto – mentira, é o velho piloto que vai se adaptando à motocicleta. Dessa forma, aquele conjunto mecânico que mais parece um reloginho parece estar em seu melhor ambiente. Mesmo que, em Interlagos, a pista estivesse limitada e traçada com cones, para demonstração das motocicletas, e no kartódromo as curvas muito travadas e com o fantasma do óleo no asfalto (lá correm karts com motores dois tempos) nos limitassem a ousadia.
De qualquer forma, foram momentos de grande prazer com a motoquinha, justamente o que vai motivar os jovens de 9 a 15 anos a entrarem nesse fascinante mundo da motovelocidade.
Para curtir a Yamaha YZF-R15 nas ruas, bastam R$ 18.999 para ter uma zerinho, praticamente igual às das pistas. O que pode ser considerado uma pechincha, já que a mais comportada Yamaha FZ-15 custa pouca coisa menos, R$ 17.790. A Yamaha YZF-R15 tem garantia de três anos e está disponível nas cores azul (Racing Blue, a cor oficial da Yamaha), prata e preto. E as motocicletas começarão a ser entregues ao compradores a partir de novembro.
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