Por: André Ramos
A Kawasaki reforça sua participação no segmento de bicilíndricas médias com a Z400, trazendo 23% a mais de potência e 40% a mais de torque que a Z300!
Um dos grandes sonhos de todo motociclista é ter uma moto para cada uso que ele gostaria de fazer. Geralmente quando se pergunta a alguém sobre quais motos gostaria de ter na garagem, a resposta é: um scooter para o dia a dia, uma streetfighter para dar uns rolês, uma touring para viagens e uma trail para sair do convencional e encarar terrenos mais casca-grossas.
Acontece que montar uma garagem assim, convenhamos, não é viável para a maioria dos motociclistas, assim, o que se busca é uma moto que consiga encaixar-se da melhor maneira possível às diversas demandas de uso.
A Kawasaki do Brasil apresentou oficialmente a Z400 em meados de 2019, uma naked derivada da Ninja 400 (lançada um ano antes) e que reúne uma série de predicados que a candidatam a ser uma das motos mais poliva lentes já lançadas em nosso país. Segundo a Fipe/USP, tem preço de R$ 22.590,00 na pesquisa de outubro passado.
Desde a aposentadoria da CB 450 DX em 1994, o mercado brasileiro teve este gap em seu mix de motocicletas; houve uma época em que o salto era gigante: tínhamos motos de 250 cc e depois, pulávamos para as 600! Uma vez conversei com um executivo de uma montadora que disse na ocasião que as alíquotas dos impostos que incidiam sobre as motos acima de 250 cc eram muito elevadas, inviabilizando à época a produção deste tipo de motocicleta no Brasil, pois acabavam ficando com preços finais muito próximos aos das motos de 600 cc.
Algo mudou, pois vieram as 300 e depois as 500, mas ainda assim, ficava faltando uma peça neste quebra-cabeças e que agora, com a chegada da Z400, finalmente monta a
imagem que todos nós gostaríamos de ver.
Não, não estou esquecendo a KTM 390 Duke! É que essa belezinha monocilíndrica é uma moto de nicho, bastante específica, de alta tecnologia e desempenho.
Voltando à Z400, a bicilíndrica é muito bem resolvida em todos os aspectos: seu visual é contemporâneo e bebe na fonte de suas irmãs maiores, como a Z900 e a Z1000, trazendo faróis em LED, painel invocado e completo (quem conhece a Z650 vai saber do que estou falando) e linhas que lhe conferem um aspecto streetfighter.
Sua concepção deriva da versão esportiva Ninja 400 e seu chassi foi construído a partir do conceito desenvolvido para a hypersport Ninja H2, o que faz com que a Z400 seja muito esperta em curvas, entrando e saindo dos mergulhos com muita facilidade e agilidade (para você ter uma ideia, seu ângulo de cáster foi reduzido em 1,5 grau, passando de 26º na Z300 para 24,5º na 400).
Com o assento a somente 785 mm do solo, guidão ligeiramente mais alto que o da Z300 e apenas 167 kg em ordem de marcha (3 kg a menos em relação à Z300), a moto transmite bastante segurança e facilidade de condução. Uma vez que os pés alcançam facilmente o solo, a posição de pilotagem é confortável e a sensação de estarmos em cima de uma moto leve contribui para deixar os menosm experientes bem à vontade sobre ela e os mais calejados, com a forte sensação de “moto na mão”.
Tirando o ABS e a injeção eletrônica, a moto não tem nenhuma pirotecnia tecnológica que precise de milhares de bits e bytes para funcionar: tudo é simples, intuitivo e fácil de utilizar, o que torna sua manutenção preventiva mais barata e previsível, já que há poucos elementos adicionais que podem “dar zica” – sem falar que você não precisa ficar decorando a função de botões nos punhos.
Z400 x Z300
A comparação com a Z300, que ainda está à venda, é inevitável também quando o assunto é motor. O bicilíndrico em paralelo da Z400 tem 399 cc, contra 296 cc da irmã menor; ele também é mais comprimido: são 11,5:1, contra 10,6:1. Refrigerado a líquido, desenvolve 48 cv de potência máxima a 10.000 rpm, 9 cv a mais que na 300. A diferença de performance encontra outro ponto positivo em relação ao torque: a Z400 entrega 3,9 kgf.m a 8.000 rpm, enquanto na Z300 este valor é de 2,8 kgf.m às 10.000 rpm. Ou seja, há 40% a mais de torque, que encontra seu pico 2.000 rpm mais cedo. A moto entrega mais força em rotações mais baixas, deixando a condução mais tranquila no day by day.
Este ganho de potência e a redução no peso da motocicleta resultou em melhor coeficiente peso x potência. Na Z300 este índice é de 4,35 kg/cv, enquanto que na Z400 ele cai para 3,47 kg/cv. Resultado: com menos massa a deslocar, a Z400 desempenha melhor tanto em arrancadas quanto em velocidade final. Mas não vá esperando encontrar uma moto extremamente agressiva: a Z400 é fácil de ser pilotada, graças à suave curva de entrega de torque, que faz com que seus picos de potência e torque estejam próximos à faixa vermelha do conta-giros, garantindo pilotagens bem tranquilas para os deslocamentos cotidianos. Para você ter ideia, quase não se usa primeira marcha (a não ser nas paradas totais, como em semáforos) e a 50 km/h, encostando no acelerador, ela já aceita 6ª marcha no plano sem ficar batendo corrente.
DESLIZANTE E ASSISTIDA
E falando em câmbio, a manete de embreagem é bem leve e os engates do pedal, precisos. A leveza decorre do mecanismo de assistência mecânica da embreagem, enquanto o sistema de deslizamento minimiza as chances de a roda traseira travar em reduções de marcha mais incisivas, facilitando uma tocada esporte e também reduções de pânico.
A Z400 é muito bem servida em termos de freio. Na frente, conta com um único discão margarida semiflutuante de 310 mm (mesmo tamanho, por exemplo, de um dos discos dianteiros da Z1000), assistido por pinça de duplo pistão; na traseira, disco de 220 mm, com pinça de pistão único, que teve seu tamanho ampliado de 25,4 mm para 27 mm. Ambos contam, como citado, com sistema antiblocante fornecido pela Nissin. As rodas, semelhantes às da Z650, são de liga de alumínio com cinco raios em Y invertido, calçadas com os excelente pneus Pirelli Diablo Rosso, nas medidas 110/70-R17 na dianteira e 150/60-R17 atrás.
Quando batemos os olhos na frente da Z400 é muito difícil que as bengalas passem despercebidas, afinal, são dois tubos de 41 mm de diâmetro que, mesmo não sendo invertidas, impressionam pelo volume que conferem à dianteira da moto –na Z300 os tubos eram de 37 mm, ou seja: tiveram o diâmetro ampliado em bem mais de 10%. O curso
permanece praticamente inalterado: são 120 mm na dianteira para ambas as motos. Na traseira o curso é de 130 mm na 400 e de 132 mm na 300. Vale ressaltar que na traseira há sistema de regulagem da pré-carga da mola.
Para complementar o pacote de benefícios da motocicleta, a Z400 conta com dois anos de garantia e desde o seu lançamento, tem preço de R$ 22.990,00 (sem frete), segundo o site da fábrica e de R$ 22.590,00 segundo a pesquisa de outubro da Fipe, o que provavelmente indica ter havido algum desconto nas revendas da marca naquele mês.
Talvez o que resuma tudo que a Z400 apresenta seja a sua versatilidade. Quer ir e voltar do trabalho ou da facul? A moto cumpre com mérito sua função nos deslocamentos diários, apresentando muita agilidade ciclística e mecânica, vencendo os congestionamentos como uma 125 cc e sem maltratar pernas e pés na hora de parar ou de andar a baixa velocidade. Quer pegar uma estrada no final de semana? A Z400 vai de boa a 140/150 km/h e se a parada for encarar um rabo de serpente, engole fácil muitos “pilotos de reta” montados em motos maiores. Ela só não vai encarar de boa um off-road, mas aí também já seria exigir demais!
コメント